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Notícia publicada sábado 15 abril 2017

Produtores de soja do Brasil seguram vendas à espera de “milagre”

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Produtores de soja do Brasil têm retido as vendas de sua produção o máximo possível, esperando por um “milagre” de recuperação de preços, em uma estratégia de apostar contra os fundamentos de baixa do mercado que pode levar a perdas ainda maiores até o fim do ano. Uma das poucas hipóteses de repique nas cotações seria com problemas no clima durante o desenvolvimento das lavouras dos Estados Unidos, uma aposta de produtores brasileiros que se mostrou acertada em vários anos.

Fatores

Mas a questão é que neste ano os fundamentos apontam para fortes fatores baixistas, como um plantio de área recorde nos EUA, maiores produtores globais, enquanto a safra do Brasil, maior exportador mundial, deverá atingir mais de 110 milhões de toneladas de soja. “A safra 2016/17 já teve seu momento bom de preços. Para os novos negócios, os produtores estão à espera de um milagre”, disse o diretor da corretora ASP, Ademir Sari, que negocia a safra de produtores da região de Primavera do Leste, em Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja.

Desde meados do ano passado, quando alguns produtores já fechavam negócios de venda antecipada, os preços no mercado brasileiro só fizeram cair, pressionados pela combinação de câmbio em queda e pressão nas cotações de Chicago. A soja negociada no porto de Paranaguá, um termômetro dos preços no mercado doméstico, chegou a uma máxima histórica de R$ 93 por saca em junho, tendo despencado para cerca de R$ 64 atualmente, segundo o indicador Esalq/BM&FBovespa.

Segundo o corretor, houve negócios fechados meses atrás na região a mais de R$ 80 por saca, enquanto os preços atuais, com a safra toda colhida em Primavera do Leste, giram em torno de R$ 53, o que provoca um efeito psicológico muito forte sobre a decisão de vendas dos produtores.

Na região Sul, que inclui dois dos três maiores Estados produtores de soja do país –Paraná e Rio Grande do Sul–, a retração dos sojicultores é ainda mais expressiva. A comercialização por lá alcançou apenas 27% da safra, contra 49% da média dos últimos cinco anos, segundo dados da consultoria AgRural. “Aqui no Paraná, a produção é baseada em pequenas propriedades, mais diversificada. A soja não é a única fonte de renda, então os produtores estão tranquilos, à espera de preços melhores”, disse Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que reúne 5 mil agricultores.