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Notícia publicada terça-feira 24 janeiro 2017

Trator movido a biometano está sendo testado no Paraná

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Além daqui, apenas mais três unidades estão realizando testes há cerca de dois anos no mundo (Canadá, Austrália e Europa).

No Paraná que lidera a produção avícola e está na segunda colocação de suínos, um olhar mais minucioso aponta para um potencial de 8,7 bilhões de metros cúbicos de biogás por ano, boa parte oriundo dos dejetos desses animais. Só o esterco de aves, porcos e bois tem capacidade de responder por 20% do volume do gás no Estado, uma alternativa importante que transforma passivos ambientais em ativos energéticos.

Apesar do cenário promissor do biogás – que gera energia térmica, elétrica e veicular (biometano) –, a utilização paranaense ainda não chega a 5%, sendo localizada principalmente na região Oeste, entre algumas propriedades e cooperativas com biodigestores. Atentas a esse futuro, empresas ligadas a tecnologias de maquinários agrícolas começam a trabalhar com equipamentos focados nesta energia limpa.
Saindo na frente dos concorrentes, a New Holland é a primeira empresa mundial a apresentar protótipos de tratores movidos a biometano. O projeto iniciado em 2013 na Inglaterra dá um passo importante e o Paraná faz parte desta história. Pela primeira vez, uma propriedade na América do Sul, mais precisamente em Santa Helena – próxima a Foz do Iguaçu – recebe um trator movido por esse combustível. São apenas quatro unidades no mundo realizando testes há cerca de dois anos, e hoje estão localizados no Paraná, Canadá, Austrália e rodando pela Europa. Aliás, uma segunda geração desses protótipos já está no velho continente com um motor bem mais potente e existe uma expectativa de que chegue ao mercado entre 2019 e 2020.

Investimento

O modelo T6, de 140 cavalos de potência, chegou à propriedade da família Haacke em dezembro e, após a Show Rural Coopavel, feira que ocorre de 6 a 10 de fevereiro em Cascavel, deve seguir para Castro. De acordo com o gerente de marketing de produto da empresa, Nilson Righi, até agora já foram investidos US$ 15 milhões no desenvolvimento do trator. “Anteriormente, já tínhamos realizado todo um trabalho para um trator movido a hidrogênio, mas como as baterias de lítio não baratearam ao longo dos anos, o projeto acabou engavetado. Agora, nossa expectativa finalmente é chegar a um produto comercial”.
Esperança de implementação para garantir o desenvolvimento da tecnologia no País. Os tratores New Holland já são produzidos em Curitiba, sendo que a planta fabril tem capacidade de produção de 170 tratores e 40 colheitadeiras por dia, mas hoje, claro, não está neste patamar devido ao cenário econômico. “Para nacionalizarmos a tecnologia e ter volume, estamos muito confiantes que a matriz energética (do biogás) se desenvolva nos próximos anos”.
Nos testes realizados na Itália, a economia de combustível chegou a 40% comparado ao trator a diesel. O protótipo alocado em terras paranaenses tem capacidade de armazenar 300 litros de metano comprimido distribuídos por nove cilindros e autonomia de 5 horas de trabalho, considerada pequena para uma lida intensa no campo. “O nosso desafio ainda é a capacidade de autonomia versus o tamanho do implemento, quando se acopla uma plantadeira pesada, como é geralmente o trabalho no Brasil. Aqui na propriedade dos Haacke, o trabalho com trator foi leve”, finaliza Righi.