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Notícia publicada quinta-feira 25 maio 2017

Estado do Paraná tem 28 casos de crianças desaparecidas que permanecem sem desfecho

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No dia 13 de dezembro de 2016 a jovem Tatiele Terra Felipe, de apenas 10 anos, acordou por volta das 9h30. Tão logo se levantou partiu para comprar um doce num bar próximo da residência em que morava com a avó, Eva de Fátima Ferreira, em Cascavel. Ao retornar para casa, avisou Dona Eva que sairia novamente, desta vez para pegar uma ferramenta emprestada. Desde então, nunca mais foi vista.

O caso de Tatiele foi um dos muitos desaparecimentos de crianças registrados no Paraná ao longo do ano passado, sendo 20 somente em dezembro. Segundo informações do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), apenas em Curitiba foram 15 ocorrências em 2016. Considerando-se toda a Região Metropolitana, o número salta para 47. Hoje é o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas.

Na maioria das situações, felizmente, o desfecho é positivo, com a criança sendo localizada com vida em mais de 95% dos casos. Desde 1982, segundo a Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública, são 28 os casos de desaparecimento de crianças que permanecem sem desfecho, metade deles registrados em Curitiba e Região Metropolitana.

De acordo com a delegada do Sicride, Iara Dechiche, os casos de desaparecimento de crianças apresentam similaridades. Em sua maioria são jovens entrando na pré-adolescência, com 11 anos de idade, e majoritariamente do sexo masculino (53% são meninos e 47%, meninas).

“A maioria (dos desaparecimentos) envolvem desentendimentos familiares, às vezes a criança está sofrendo um abuso e a família não sabe ou então sofre maus tratos e resolve sair de casa. Também há muitos casos em que o menor sai de casa por rebeldia, porque os pais cobraram alguma coisa, como notas, ou então simplesmente porque ela resolve que quer viver fora de casa”, aponta a delegada”.

Os casos mais antigos ainda em alerta
Dos 28 casos de desaparecimento de crianças ainda em aberto no Paraná, sete foram registrados nesta década, oito na passada, nove nos anos 1990 e quatro na década de 1980. O baixo número de ocorrências nas duas últimas décadas se explica — é que o Sicride foi criado no Paraná em 1996 e, desde então, a maioria dos casos têm sido resolvidos.
O caso mais antigo remete a 29 de março de 1982. Naquele dia, Ednilton Palma, que na época tinha 10 anos de idade, desapareceu em Maringá, no Norte do Estado. Sua mãe, Delva Fiúza Palma, mantém até hoje esperanças de localizá-lo. O outro caso, registrado em 18 de julho de 2016, foi o desaparecimento de Adriano Marques da Silva, então com oito anos de idade. A última vez em que ele foi visto estava foi no Centro de Cascavel, no Oeste do Paraná.
Outro caso, talvez o mais conhecido no Paraná, é o do menino Guilherme Caramês, desaparecido em 1991, quando tinha oito anos. O caso ganhou projeção nacional.
A Polícia Civil e outros órgãos de segurança pública mantêm fotos das crianças desaparecidas, com nome, cidade do desaparecimento, idade na época do ocorrido. Em alguns casos, quando o desaparecimento tem muito tempo, até mesmo fotos simulando como estariam estas crianças atualmente, são divulgadas.

Por ano, 40 mil notificações
No Senado, está em análise na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) o Projeto de Lei que determina a divulgação pela televisão das informações do Cadastro Nacional de Crianças Desaparecidas. A inserção seria feita diariamente nos intervalos da programação das emissoras, por no mínimo um minuto, no período compreendido entre 18 e 22 horas. Estima-se que 40 mil crianças e jovens desapareçam anualmente no Brasil. No site www.desaparecidos.gov.br qualquer pessoa consegue registrar o desaparecimento de uma criança ou adolescente.