Opinião

Notícia publicada quarta-feira 16 fevereiro 2011

Mário Ribeiro – Memória

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Às vezes fico pensando como as coisas mudam, perdem o valor pela falta de memória e outras passam a ser mais importantes, tomando lugar das primeiras em curto espaço de anos. Vamos lembrar do esporte, especialmente do futebol.
Tem jovem que já nem sabe que Palmeira ganhou duas vezes a Taça Paraná de futebol amador. Pior: nem sabe o que é a Taça Paraná ou ignora outras informações, como nosso município ter vencido por sete vezes a Taça Paraná de Futebol Júnior. Sim, foram sete vezes. E lembramos que o Paraná deve ter uma centena de Ligas, mais de 50 já participaram dessas competições e tem 399 municípios. Foram conquistas, na época valorizadas, muito comemoradas, que emocionaram a todos os que gostam do esporte.
Tive a felicidade de – como narrador esportivo – acompanhar nossas equipes representantes e nossas seleções em todas as conquistas, se não de forma total, pelo menos parcialmente, mesmo porque coincidia que várias vezes jogavam adultos e juniores ao mesmo tempo.
Hoje, nosso campeonato, que chegou a ser local, mas forte, cheio de rivalidade, de muita participação de torcidas, com seis e até oito equipes, não tem mais do que duas ou três. E temos assistido aos nossos representantes, antes fortes, quase imbatíveis, pelo menos “em casa”, deixar a conquista para adversários de São Mateus do Sul, São João do Triunfo, Porto Amazonas.
Nosso voleibol ganhou competições que varavam a noite em finais de semana. O futsal foi destaque, Nosso handebol já teve competidores campeões regionais, que brigavam até por títulos estaduais em certa faixa de idade. Já tivemos competidores em destaque em outras competições coletivas, mas também que venceram individualmente, como no ciclismo, pedestrianismo e outras. Onde estão? Ou onde estão seus seguidores, seus sucessores?
A memória anda curta, as informações que deveriam ficar para a história vão caindo no esquecimento e também sendo desvalorizadas. Há alguns dias atrás, perguntei para uma pessoa adulta, mas não de muita idade, em que rua morava. A resposta foi: Emilia Faria Erichsen. Não me aguentei e perguntei também se sabia quem foi Emilia Faria Erichsen? A resposta foi: “não”.
Parecia já ser “vantagem” saber o nome da rua em que morava, porque existem aquelas que não sabem nem o nome da via pública em que residem. Ou, se sabem, esqueceram o número da casa, ou não sabe a quem a rua homenageia com seu nome. É assim com figuras nacionais, como Floriano Peixoto; estaduais, como Vicente Machado. Locais, como Manoel José de Araújo, Cel. Ottoni Ferreira Maciel, Jesuíno Marcondes, Manoel Demétrio de Oliveira, Emilia Faria Erichsen, e nomes mais recentes, que homenageiam pessoas que fizeram algum serviço ou se destacaram na comunidade local.
É uma pena, mesmo, principalmente quando tomamos conhecimento que conhecem tudo sobre o que está acontecendo nas novelas e no Big Brother Brasil. Preocupam-se com o destino de personagens vazios ou fictícios e esquecem aqueles que foram exemplos, que de alguma forma contribuíram para a existência e o crescimento de Palmeira, do Paraná e do Brasil.
Existe uma clara inversão de valores. Poucos são os que têm a preocupação com o preservar, guardar na memória, ter como modelo, respeitar o passado, valorizar os antepassados. Eles fizeram parte de uma história real, verdadeira, que deve ser seguida como exemplo.