Opinião

Notícia publicada segunda-feira 23 setembro 2013

Motorizado ou pedestre?

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Rogério Lima

A cultura do automóvel está fortemente arraigada no Brasil. Em Palmeira, como os números confirmam, ela mais do que domina. Hoje temos um veículo motorizado para cada dois habitantes, a variação é pouco para cima, mas ínfima. Isto demonstra que há um cidadão motorizado para cada pedestre. É uma relação preocupante, pois se trata de uma cidade pequena, com distâncias relativamente próximas, que não justificam tanto veículo motorizado circulando por aí.
Os números mostram, ainda, que o crescimento da frota de veículos se dá mês a mês em proporção completamente ilógica no comparativo com o aumento da população. São mais de 100, até mesmo 150 novos veículos emplacados no município a cada mês. A frota já ultrapassou a marca de 16 mil veículos e a população, segundo dados recentes divulgados pelo IBGE, é pouco superior a 33 mil habitantes.
Dizem que o aumento da frota vem na esteira da melhoria da renda da população e demonstra o desenvolvimento, não só do município como do Brasil. Concordo, mas penso que a cultura do automóvel não deveria ser dominante. Penso também que as cidades, em geral, deveriam privilegiar os espaços para pedestres, uma vez que as cidades existem para acolher pessoas, e não automóveis, motocicletas, ônibus e caminhões. Por isso, em áreas urbanas centrais a preferência deve ser sempre do pedestre.
Focando o tema em Palmeira, arrisco-me a sugerir que alguns trechos da rua Conceição, em horário comercial ou horário bancário, fossem fechados à circulação de veículos. Motoristas seriam obrigados a procurar estacionamento em ruas transversais e paralelas, enquanto as pessoas poderiam circular com mais desenvoltura pelos trechos exclusivos para pedestres na principal via da cidade. Isto serviria, principalmente, para estimular os motoristas a caminhar, nem que fosse por poucos metros. Com o passar do tempo, perceberiam que melhor seria deixar o automóvel ou a motocicleta em casa e usar as pernas, do que jeito que o ser humano foi projetado para se locomover.
Ser motrizado ou pedestre é uma opção. A segunda é mais saudável e deveria ser estimulada pelo poder público. O que sugiro é uma forma de estímulo, inclusive à saúde das pessoas.