Opinião

Notícia publicada quinta-feira 26 abril 2012

Rogério Lima – Sobre rodas e pedágio

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O que anteviu bem a situação caótica do trânsito atual foi um desenho animado com o Pateta, personagem inesquecível de Walt Disney, personificando o senhor Walker quando não está motorizado e o senhor Wheeler quanto está à bordo de seu automóvel. Creio que foi produzido nos anos 1950, quando as ruas e estradas dos Estados Unidos começavam a ganhar tráfego mais consistente e começavam as batalhas cotidianas entre pedestres e motoristas. A metamorfose que o cidadão sofre quando coloca as mãos no volante de um automóvel é um fenômeno social, caso a ser pesquisado em profundidade pela ciência. De onde vem a ideia que o poder está sobre rodas?

O tal desenho animado é didático ao nos mostrar que a gentileza desaparece quando o motor ronca, O homem cortês e bem educado, quando incrustado em sua armadura de metal que pode correr a muitos quilômetros por hora, transmuda-se em um ser agressivo e inconsequente, que credita tudo poder e desafia seus semelhantes e as leis. Para este ser diabólico não existem regras.

Quem dirige sabe bem que o ato de dirigir um automóvel apresenta tentações diferenciadas. Uma delas é a da velocidade. Nestes momentos, em que a emoção começa a sobrepujar a razão, é preciso que o condutor exercite o seu autocontrole e faça com que os sentimentos voltem ao equilíbrio. O espírito do piloto precisa ser domado para que não proporcione nenhuma situação desagradável e prejudicial, não só a si, mas principalmente a terceiros.

Motoristas não são seres com superpoderes e automóveis não são naves espaciais de filmes de ficção científica. Motoristas são seres humanos, passíveis de erros e expostos a riscos, inclusive de perder a vida. E automóveis são máquinas que obedecem a comandos humanos, incluindo atos falhos e erros, podem ser acometidas por falhas mecânicas e podem matar também, se forem mal conduzidas. Como podemos deduzir, o problema não é o automóvel, mas sim quem o conduz.

Tenho presenciado, todos os dias, muitos motoristas praticando bobagens no trânsito. Colocam-se em risco e são um risco para pedestres e outros motoristas. Com o aumento do número de veículos circulando, aumenta também o número de motoristas e, neste ritmo, o grau de periculosidade no trânsito. Fato é que ninguém está a salvo e que todo mundo é um alvo. Senhores Walker e Wheeler, façam o favor de comportar-se como homens!

FISCALIZAÇÃO DO PEDÁGIO nas rodovias concedidas do Paraná será feita por 11 empresas privadas, segundo divulgado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), por R$ 17,1 milhões pagos às fiscalizadoras privadas, para que executem uma atribuição que seria do Estado e deveria ser realizada pelo próprio órgão ou por uma agência reguladora. Nem uma coisa nem outra, preferiu-se enfiar a mão nos cofres públicos para remunerar, e bem, empresas de engenharia. Isto é feito em um momento crítico, quando o tribunal de Contas da União (TCU) e o Tribunal de Contas do estado (TCE) apontam a disparidade entre os altos valores das tarifas e a baixa qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias de rodovias no Paraná. Engraçado é que foram necessários quase 15 anos de atuação das concessionárias, de cobrança de tarifas abusivas, de alterações de contratos e de exploração dos usuários para que os órgãos emitissem algum tipo de parecer quanto às irregularidades que já vêm desde a implantação do sistema no Paraná. Assim, fica difícil acreditar que a nova metodologia de fiscalização, com empresas privadas, traga algum resultado favorável. Acredito que a tarifa sofrerá alguma redução, não muito considerável, que as concessionárias questionarão na Justiça qualquer tentativa de obrigar-lhes a fazer o que não está escrito nos contratos e que daqui dez anos vencem os tais contratos. Daí vamos nos queixar para quem? Para o bispo?