Opinião

Notícia publicada quarta-feira 16 maio 2012

Rogério Lima – Três em 36 anos com o poder

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O próximo prefeito de Palmeira, a ser eleito no dia 7 de outubro, exercerá mandato no Poder Executivo pela primeira vez em sua vida, seja ele quem for. Já temos neste fato um diferencial para a eleição municipal deste ano, algo que não acontecia há 36 anos, desde o ano de 1976, quando foi eleito Baptista Cherobim, que concorria contra outros candidatos igualmente sem qualquer experiência prática em administração municipal. A partir disto, apenas e tão somente três políticos ocuparam a principal cadeira da Prefeitura Municipal, num revezamento que limitou a renovação de lideranças e pode ter sido determinante para algumas situações desfavoráveis no que diz respeito ao desenvolvimento sócio, econômico e cultural do município. Não podemos negar que avanços também aconteceram, mas concentrar 36 anos de poder sob o comando de apenas três prefeitos, convenhamos, é abdicar do direito da pluralidade e renegar a criatividade dos administradores municipais.

Foram dez anos sob o comando de Baptista Cherobim, mais 14 anos sob Mussoline Mansani e outros 12, que se completam no final de 2012, com Altamir Sanson no cargo de prefeito. Alternadamente, cada um na sua vez e a seu modo, as administrações dos três foram como filmes reprisados, um deja vu ou, como diria Cazuza “um museu de grandes novidades”.

Quando acontece uma troca de governo, tem sido comum ouvirmos a expressão “choque de gestão” quando das primeiras manifestações do novo governante. Afinal, é preços impactar o público e criar uma expectativa por mudanças. Com o decorrer do tempo, o que parecia ser uma revolução acaba mesmo concretizado como uma continuação. Poucas situações novas e esplêndidas que eram aguardadas pela população que absorveu o discurso são transformadas em realidade. Nem mesmo as queixas e lamentações soam como novidade, pois são repetitivas e enfadonhas, tal qual o surrado discurso de colocar a culpa pela imobilização na falta de recursos financeiros. É uma desculpa que não cola, visto que os recursos financeiros existem e só não os acessa quem não tem competência para tal.

Apesar de não ocupar nenhuma posição incômoda em rankings de índices que mensuram o desenvolvimento, seja ele humano, educacional ou econômico, Palmeira também não ocupa nenhuma posição de destaque nestas pesquisas que eventualmente são divulgadas por instituições e entidades. Nem apresenta evoluções que possam criar expectativas de saltos de qualidade. Em síntese, é um município que fica na média, “nem tanto ao mar nem tanto à terra”. Tudo bem não fosse uma acomodação conveniente que é claramente percebida nestes 36 anos e em outros tantos anos anteriores a estes, comportamento tímido e retraído, politicamente ineficiente, que perpetua o mais ou menos, o tanto faz, sem destacar ou exaltar, sem elevar ou oferecer exemplo. Enfim, uma posição confortável para quem não se arrisca e prefere – parafraseando o idolatrado presidente Abraham Lincoln, dos Estados Unidos – formar fila com os medíocres e pobres de espírito.

CENÁRIO DA PRÉ-CAMPANHA ELEITORAL tem nuances que bem demonstram o quão confusa está a linha de ação dos partidos políticos, mesmo em Palmeira. Ninguém arrisca um palpite sobre quem vai estar aliado a quem durante a campanha. O que no papel são partidos com ideologias distintas, incompatíveis até, na prática é uma geleia geral. Será que vale tudo? Ainda não chegamos por aqui à aberração da candidatura única. Aberração porque a eleição, que é o momento de escolher entre os concorrentes aquele que melhor representa nossos anseios, existe para o confronto de ideias e de propostas. Se for para ungir um entre todos, que voltemos à monarquia. Mas, pensando bem, caminhamos sob o fio da navalha para despencar a ela, visto que três “reinados” conduziram Palmeira nos últimos 36 anos.